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quinta-feira, 26 de abril de 2012

Superar


Depois de falar em desejos, ou melhor, que devemos ter certeza se aquilo que pensamos desejar é realmente essencial em nossas vidas e pelo que devemos depreender todo o esforço necessário para alcançar, fiquei pensando em quantos momentos de superação temos de enfrentar na busca por essas realizações.
Também tomada pelo sentimento de ter acabado de me formar em uma licenciatura e de presenciar tantos e tantos desafios cotidianos que meus amigos e amigas professores (as) enfrentam para, em nome de seus sonhos, tentar transmitir algo de bom e de certa forma contribuir para a formação global de seus alunos, lembrei de uma história real de superação que tem justamente o toque inicial de uma professora.
Era uma vez uma menina de família humilde e de poucos recursos, muito bonita e inteligente que perdeu o pai muito cedo em um trágico acidente de moto. A mãe da menina, mulher batalhadora e determinada, criava os filhos da melhor maneira que conseguia. Morando em um bairro periférico de uma cidade de interior, a menina estudava na escola pública considerada, na opinião da comunidade, como “a pior da cidade”. Mas, um dia apareceu por lá uma professora de matemática, que acabara de passar no concurso e que não teve opções de escolher uma escola melhor. Mesmo decidida a não ficar ali por muito tempo, a professora percebeu o potencial da menina, que já estava no último ano do ensino fundamental, e começou a incentivá-la a procurar um ensino médio técnico, prestando o conhecido “vestibulinho”.
A menina achava que não ia conseguir, mas a professora insistiu, estudou com ela, preparou tarefas, incentivou e a menina passou a acreditar que era capaz. Mas, os amigos, a comunidade e até a família achavam impossível. Como ela conseguiria ser aprovada se, outros conhecidos, que estudavam em melhores escolas e tinham condições de vida mais favoráveis não haviam conseguido?!! Ela não se deixou abater e com dedicação e a fé que lhe é peculiar, CONSEGUIU!
Como ela mesma diz, esse período abriu seus olhos para uma vida e para possibilidades que ela sequer imaginava existirem. E ao trilhar seu caminho foi ganhando a confiança de que poderia ir mais longe. Suas amigas, nessa época, mal saídas da adolescência, já estavam casadas, com filhos, e nenhuma perspectiva profissional. Não que ter filhos fosse ruim, pensava a menina, mas não era essa vida que ela queria para ela. Não por agora.
E ela seguiu e a vida foi lhe colocando outras barreiras. O namorado de infância também se foi em um acidente igual ao do pai. Não sem dor, ela foi em frente e aproveitou a oportunidade de fazer o ENEM. Queria cursar uma faculdade. Novamente as pessoas disseram: “Como?! Isso não é pra você!” E ela não deu bola. Agarrou-se à sua fé, à sua inteligência e determinação. Consegui notas capazes de colocá-la em uma faculdade de medicina com bolsa integral concedida pela União aos jovens carentes e determinados como ela.
Escolheu o Direito. E hoje me dá a satisfação de presenciar a sua história e de contribuir ainda que minimamente para que ela nunca desista de seus sonhos e que acredite que é capaz de chegar a qualquer lugar que deseje ir, sempre fazendo as escolhas por si e avaliando o que é realmente essencial na sua vida.

Contei essa história em sala de aula no último ano da graduação. Depois de uma semana de estágio em uma escola estadual e, frustrados com a perspectiva do ensino público em nosso país, ela caiu como um sopro de esperança no coração de cada um de nós. Esperamos encontrar muitas meninas e meninos com potencial pela frente. Esperamos reconhecê-los e proporcionar a cada um deles a visão de uma nova vida, ensinado-lhes que desistir, não deve estar nos planos!

Melissa

Texto dedicado a Mariana Laffayetti

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Desejar

Na semana em que completo cinco anos de “Silva” – resultado de um treinamento de liderança pessoal - me sinto na obrigação de fazer algumas reflexões. E, como já fiz anteriormente uma digressão sobre meu processo terapêutico, fiquei pensando em qual outro aspecto essa mudança de comportamento influenciou a minha vida. Cheguei ao DESEJO.
Às vezes, por mais óbvia que a afirmação de que podemos conquistar tudo aquilo que desejamos, possa parecer, isto não é tão simples. Não é simples acreditar nessa sentença e nem tampouco em si mesmo.
Mas sim, o sucesso está ao alcance de todos e, sim, tudo podemos conquistar! Afinal, também em algum lugar da Bíblia (já deu pra perceber que não sou muito didática nessas citações!), encontramos a informação de que Tudo podemos Naquele que nos fortalece.
Superada essa questão – acreditar – o que não se consegue sem muito esforço e dedicação ao ser que habita em nós, é preciso pensar em outro aspecto: o que realmente desejamos?
Talvez essa seja a pergunta mais difícil de responder. Desejamos tantas coisas! Viajar o mundo, ter sucesso profissional fazendo o que se gosta e ganhar dinheiro por isso, emagrecer, encontrar o amor da nossa vida, casar e permanecer casados, ter filhos e vê-los crescer e realizados......... missão difícil a nossa!
Mas dentre todas essas coisas e aquelas mais miúdas que desejamos entre uma e outra, o que é realmente essencial? Do que não podemos abrir mão? Em que sentido vamos conduzir a nossa vida, o nosso esforço e a nossa energia para conquistar o que realmente desejamos? E de que forma?
Eu mesma já gastei muito tempo, energia e dinheiro em busca de coisas que não se revelaram tão essenciais. Todos conhecemos (e por vezes assim nos comportamos) pessoas que dizem: quando eu passar naquele concurso serei feliz; quando comprar a casa da praia estarei realizado; quando terminar o mestrado/doutorado serei uma pessoa melhor; quando tiver um filho estarei completa (o), etc. E elas lutam, e, por vezes, conseguem o que querem e quando “chegam lá”, tudo se revela menor, distante, sem importância e o objetivo se desfaz em frustração e desamparo.
Será que aquilo que conquistaram era realmente o que desejavam? O que realmente precisavam? Ou fizeram da busca, pela realização de um falso desejo, a muleta de uma vida inteira a serviço de uma exigência social ou familiar, tentando preencher um vazio como uma forma de não encarar a si mesmas e de responder verdadeiramente a pergunta: o que desejo para mim e o que me é realmente importante?
Abrir mão de algumas coisas, desistir daquilo que não se revela essencial não é sinal de fracasso ou de fraqueza. Se algo que estamos buscando nos faz sofrer mais do que a sensação de bem estar da missão cumprida, é porque estamos no caminho errado. Também existem muitas maneiras de se realizar desejos e se chegar ao objetivo. Você está trilhando o melhor caminho? Ou está insistindo em algo que consome todos os seus esforços e de tão preocupado com o resultado, não consegue enxergar outras possibilidades, outros caminhos que te levarão ao mesmo resultado, ao mesmo sabor da vitória?
No mais das vezes, para desejar profundo e ser capaz de sacudir o mundo é necessário, primeiro, saber o que se quer. Afinal, somente com foco e com objetivos claros seremos capazes de superar todas as limitações, as dificuldades, as provas que a vida nos impõe. E, ao vencer, também seremos capazes de nos sentir realizados e satisfeitos, sem frustração, ressentimento ou sentimento de tempo perdido.
Estaremos, assim, prontos para novos desafios, em busca da realização de novos desejos. Porque, quando realmente desejamos algo, desistir, não deve estar nos nossos planos.

Melissa

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Esperar

Diante de uma dessas situações em que a gente se coloca na vida, fiquei refletindo sobre os sentimentos contraditórios que a espera pode gerar em nós. 
Quando esperamos pelas próximas férias, aquela viagem tão sonhada, o baile de formatura, os pais que aguardam toda uma gestação para conhecer o rosto do filho, a entrega da nova casa. Certamente, nestes casos, o que nos toma é uma expectativa positiva, elevada, gostosa de sentir. 
Mas, como acontece com muitos, também no nosso caso, a entrega do novo lar acabou virando um pesadelo. Aquele tipo de espera que gera ansiedade, tensão, que quase nos paralisa a vida. 
O atraso já se arrasta há um ano e meio e nos sentimos como se esse tempo estivesse nos sendo roubado: perdemos tempo em ver nossos objetos no lugar, em comprar coisas novas, em abrir os presentes de casamento que continuam esperando seus espaços, em nos sentir fortalecidos em um lar formado, pensado e criado por nós e para nós. Em ver, enfim, nossas expectativas realizadas.
Assim é que, trilhar alguns caminhos e não depender somente da própria ação e da própria vontade tem seus obstáculos e suas limitações. 
Estamos aprendendo a viver com essa expectativa que guarda em si frustração e ansiedade, de forma a não deixar sempre para "quando chegar na casa nova" aquilo que estamos com vontade de realizar. 
Walt Disney, numa dessas inspirações mágicas traduziu muito bem nosso papel diante desses momentos de espera que nos convidam justamente à ação:



E assim, depois de muito esperar, num dia como outro qualquer, decidi triunfar...
Decidi não esperar as oportunidades e sim, eu mesmo buscá-las.
Decidi ver cada problema como uma oportunidade de encontrar uma solução.
Decidi ver cada deserto como uma possibilidade de encontrar um oásis.
Decidi ver cada noite como um mistério a resolver.
Decidi ver cada dia como uma nova oportunidade de ser feliz.
Naquele dia descobri que meu único rival não era mais que minhas próprias limitações e que enfrentá-las era a única e melhor forma de as superar.
Naquele dia, descobri que eu não era o melhor e que talvez eu nunca tivesse sido.
Deixei de me importar com quem ganha ou perde.
Agora me importa simplesmente saber melhor o que fazer.
Aprendi que o difícil não é chegar lá em cima, e sim deixar de subir.
Aprendi que o melhor triunfo é poder chamar alguém de"amigo".
Descobri que o amor é mais que um simples estado de enamoramento, "o amor é uma filosofia de vida".
Naquele dia, deixei de ser um reflexo dos meus escassos triunfos passados e passei a ser uma tênue luz no presente.
Aprendi que de nada serve ser luz se não iluminar o caminho dos demais.
Naquele dia, decidi trocar tantas coisas...
Naquele dia, aprendi que os sonhos existem para tornar-se realidade.
E desde aquele dia já não durmo para descansar... simplesmente durmo para sonhar."
Walt Disney


E nesse belo exemplo, continuemos nossa jornada, pois, nem sempre a vida nos oferece tudo como imaginamos. Aliás, ela é mestre em mudar nossos planos. A nós, cabe não desistir e nos adequar àquilo que ela nos apresenta.

Melissa

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Conquistar

Depois de quase dez anos da primeira faculdade, decidi voltar à Universidade para cursar História, apenas por satisfação pessoal. Conclui o curso no final de 2011 e ganhei muito mais do que apenas novos conhecimentos.
Semana passada tivemos a nossa Colação de Grau Festiva com a participação de mais alguns cursos: Artes Visuais, Biblioteconomia, Biologia, Letras e Serviço Social.
Fui convidada para ser a oradora da minha turma do curso de História e achei justo dizer algumas palavras que a todos aproveitasse e que fosse algo sincero e prático para marcar essa nossa conquista. 
O texto de hoje é justamente o resultado dessa reflexão e que foi dito aos novos profissionais. 

"[...] Em primeiro lugar, gostaria de registrar a grande honra de, nesta solenidade, ser oradora da Turma 66 do Curso de História da Pontifícia Universidade Católica de Campinas.
Vou ser breve, porque acredito que o mais importante, até este momento, nós já fizemos. Já ultrapassamos os limites da formação básica, já nos desafiamos a escolher uma profissão, já superamos as neuroses do vestibular e enfrentamos, com garra, superação e toda ordem de renúncia, a fase da formação universitária.
Verdade também que, muitas são as descobertas e alegrias desse período. Nem tudo é renúncia, estudo e sofrimento.
Nessa turma do curso de história, em particular, iniciamos com a sala repleta de alunos e poucos chegaram ao final. É preciso reconhecer o nosso mérito. Principalmente daqueles, que como eu, já estavam na Universidade para uma segunda formação e também daqueles que, não tendo possibilidade de ir para a Faculdade logo depois da “Escola”, não desistiram de seu sonho e, apesar de todas as dificuldades, enfrentaram, não só o desafio de iniciar a graduação, mas de concluí-la.
Todos os cursos representados nesta noite possuem em sua essência o imaginário e belo. Mas também nossas escolhas possuem enorme desafio. A primeira, sem dúvida, comum a quase todos é o magistério. Em um país em que o trabalho do professor é constantemente desprestigiado, temos pela frente a tarefa de não esmorecer. É preciso lutar. Lutar pela valorização da profissão, lutar pela qualidade do ensino, lutar para não cair na vala comum do conformismo ou daquele inconformismo que se traduz apenas em lamentação. Ao contrário, é preciso ação.
É preciso dar ao mundo um novo VISUAL, com ARTE e cor. Dedicar-se ao Serviço Social realmente querendo um mundo diferente à sua volta, doando-se e transformando vidas.
Dar aos livros, às BIBLIOTECAS e aos acervos uma nova significação e uma nova perspectiva diante de um mundo cada vez mais digital.
Buscar entender a BIODIVERSIDADE e seu funcionamento e traduzir tudo isso em PALAVRAS, exercitando o conhecimento para não deixar morrer nossa língua como patrimônio cultural que carrega, em si, a marca transformação social.
A nós da História caberá recolher e organizar todos os dados produzidos, todas as descobertas feitas, todas as formas de expressão vivenciadas, todas os caminhos escolhidos, tudo o que se preservou e aquilo que não mais existe. A história também é viva e por isso contada e recontada a cada novo acontecimento.
Embora esse seja um momento festivo e de realização, é preciso firmar-se na realidade. A graduação é apenas o primeiro passo na formação profissional. Muitos desafios estão por vir. A prática, quase sempre, não corresponde ao que a teoria lindamente nos ensina. As dificuldades serão diárias. As imposições muitas. As cobranças incisivas.
O mais importante é acreditar naquilo que se realiza. Não execute sua tarefa apenas por dinheiro, mas valorize-se. Não realize seu trabalho apenas por obrigação, mas seja responsável. Não deixe de realizar aquilo que acredita porque “os outros” deixaram de acreditar.
E se chegar ao ponto em que você mesmo deixou de acreditar, mude. Não tenha medo de trilhar novos caminhos, de buscar sua realização em outras obras, todas as vezes que isso for necessário.
Não imponha aos outros o amargor da sua decepção. Ao contrário, dê o exemplo de que é possível acreditar e sempre é possível recomeçar. Simplesmente porque estamos vivos, somos obra de Deus e desistir não está nos nossos planos.
Obrigada."


Dedicado a todos os meus companheiros do curso de História e a todos aqueles que aceitam novos desafios sem medo de recomeçar todas as vezes que a vida lhes oferece uma nova oportunidade!


Melissa