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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Entre a promessa e a esperança

Nos últimos meses fomos a vários casamentos. E ainda outros mais estão por vir. Na história de cada casal, há um pano de fundo que dá um significado todo especial a cada uma dessas uniões.
Namoros longos, encontros inesperados, renovação de votos após muitos anos de convivência. Em todos os casos, uma promessa e a esperança num futuro comum, em sonhos a serem partilhados, em encontrar uma forma duradoura de manter os bons sentimentos e a felicidade das primeiras horas. 
Duas dessas uniões merecem destaque por uma questão muito simples e que deveria permear todas as uniões, mas em muitos casos fica em segundo plano: a fé.
Não que nos outros casamentos não houvesse fé, mas, nestes, ela estava no ar, palpável, presente, quase materializada.
E por que a fé deveria estar em primeiro plano e não o amor? É evidente que o amor deve sempre estar presente quando se decide por partilhar a sua vida com alguém, mas até no amor é preciso ter fé. É preciso ter fé na outra pessoa, é preciso ter fé nos sentimentos que ela carrega, é preciso ter fé nos próprios sentimentos e, mais que tudo, é preciso ter fé na decisão de que dividir a sua vida e a sua história com o outro vai valer a pena. Nestes casos, em trajetórias muito distintas, ambos chegaram a um mesmo ponto: o fortalecimento da união e do amor, pela fé. A fé em Deus, a fé no outro, a fé na construção e na manutenção das famílias.
O primeiro casal digno de admiração pela imensa fé que demonstraram, levou entre namoro e casamento menos de um ano. A decisão para eles, provavelmente não foi simples. Ninguém acorda de manhã e pensa: "hoje vou conhecer uma pessoa, dedicar minha vida a ela e sob as bençãos de Deus em menos de um ano estarei me casando e formando uma família". Mas, certamente eles estavam abertos ao propósito que Deus tinha para a vida deles e quando a oportunidade surgiu e as coisas foram se delineando, acreditaram na promessa que tinham para si e para com o outro e decidiram vivenciar juntos as delícias e as dores de uma união, na esperança de que sua fé e o amor, construído com base nela, sejam suficientes para sustentá-los. Foi uma cerimônia de uma beleza ímpar. Cheia de significados tanto para os noivos e suas famílias, como para os convidados. Ver duas pessoas com histórias de vida tão distintas se entregarem um ao outro em nome do amor e da fé é emocionante.
Já nosso outro "casal exemplo", começou a vida a dois pelo resultado: primeiro vieram os filhos. Certamente os obstáculos do caminho também não foram nada fáceis para eles. Com quatorze anos de união - a idade do filho mais velho - é fato que eles já haviam experimentado toda a sorte de dificuldades e de dúvidas, mas também de alegria, realização, superação. Decidiram, então, fortalecidos no amor e na fé que os une, confirmar estes votos casando-se formalmente. Não preciso dizer o grau de emoção tanto dos noivos, como dos filhos, dos familiares e amigos. Ver uma família que começou de forma inesperada se sustentar por tanto tempo, manter-se unida e renovar sua intenção de assim permanecer, perante Deus e a comunidade é comovente, estimulante, exemplar. Coisa rara hoje em dia.
Em todos os casamentos que estivemos presentes, também lá esteve muito amor, muita fé e o firme propósito de jamais desistir. Esses se destacaram pelas histórias atípicas nestes tempos em que vivemos sempre mais pela aparência e pela urgência das decisões momentâneas e inconsequentes. 
Desejo que esses sentimentos tão puros e tão presentes naquelas cerimônias inspirem todos os casais que dia a dia se reconhecem, se apaixonam, renovam as promessas feitas e jamais perdem a esperança de fielmente cumpri-las.
Porque desistir.... desistir, certamente, não está nos nossos planos.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Entre cartas e e-mails

Não sou do tipo saudosista. Tampouco acho que as tecnologias são inúteis. Mas hoje me bateu uma saudade das cartas. Talvez porque as cartinhas de Papai Noel que atendemos nos correios este ano tenham mexido comigo. Na minha família, entre meu avô e seus irmãos, havia uma constante troca de correspondência. Eles tinham até um cabeçalho padrão, algo como: "Neste dia 07 de janeiro do ano 2013, de Nosso Senhor Jesus Cristo, é com prazer que pego na pena pra escrever essas mal traçadas letras.....". Falava-se, sobretudo, sobre o tempo, a colheita, os animais de criação, a saúde dos parentes. E ainda tinha um final triunfante, igualmente presente em todas as cartas: "Sem mais nada por hoje, termino desejando saúde, paz e harmonia deste que muito os estima. Lembranças de todos daqui para todos daí." E lá iam e vinham as cartas trazendo para perto quem estava longe. 
Troquei muitas cartas com meus amigos. Me lembro da alegria que era receber uma carta inesperada e até mesmo da ansiedade por uma resposta. Não sou tão velha! É claro que já podíamos nos utilizar do telefone, mas, particularmente, nunca gostei dele.... prefiro as palavras escritas, sem pressa, a letra desenhada, o cheiro do papel, a angústia da espera.
Até com as amigas mais próximas eu tinha o hábito de trocar cartas. Estávamos lá, todos os dias juntas, mas levávamos nossas cartas e as trocávamos na sala de aula, contando umas às outras todas as novidades do dia anterior, as paqueras, os amores reais e os platônicos - principalmente! Nos deleitávamos na magia das palavras, exercitávamos a escrita e a imaginação, sem nem ao menos nos dar conta. Era muito bom saber tudo o que se passava na vida dos amigos, estivessem eles longe ou perto. Às vezes elas vinham acompanhadas de um presente, de um desenho, de um carinho. Algumas dessas cartas estão guardadas até hoje. Com envelope e tudo. Sinto uma saudade imensa das minhas amigas e sei que um dia ainda vamos ler essas cartas juntas, rir muito de tudo o escrevíamos, das angústias adolescentes, das incertezas da idade, das preocupações cotidianas, sem nem imaginar como a vida nos traria até aqui: mulheres adultas e bem resolvidas, mães, profissionais...
Hoje tudo se passa nos e-mails. As mensagens eletrônicas vão e vem na mesma velocidade em que levamos nossas vidas. Não se espera pelo carteiro, não há o papel rasgando, não tem cheiro, textura ou cor. Se era possível esperar semanas, meses por uma carta, hoje, se a resposta ao e-mail demora mais que dez minutos ou passa de um dia para o outro, isso já nos gera uma imensa ansiedade. Será que foi enviado?! Chegou ao destino certo?! Será que foi lido?! Porque não há resposta?!
Não estou com isso dizendo que as cartas eram melhores ou que as mensagens eletrônicas não nos são úteis. Ao contrário. Entre minhas cartas escritas com meus amigos e os e-mails de hoje, algum tempo já se passou. Crescemos, evoluímos, seguimos as tendências e o impulso irremediável do mundo. 
Fizemos nossas escolhas. Mas acho que falta alguma coisa. Falta a poesia...........

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Novos caminhos


Quando um ano termina e outro começa, temos sempre a ideia de que encerramos um ciclo. Mas se olharmos bem de perto, vamos perceber que os ciclos se encerram a despeito das datas e dos calendários. Posso dizer que, nesse ano, encerrei vários ciclos e iniciei outros que sequer tenho previsão de onde, como e quando vão terminar.
As dificuldades surgidas fizeram, inclusive, com que eu não conseguisse escrever com a periodicidade que eu gostaria. Não por falta de assunto. Aliás, todas as coisas ocorridas, formam um extenso material para escrever por muito tempo. Acontece que as palavras não brotam com tanta facilidade quando estamos fragilizados. Até encomendas de texto recebi. Ainda estou devendo.
Mas, embora necessariamente o fim de um ano não encerre ciclos, sempre nos pegamos pensando em tudo o que aconteceu durante os últimos doze meses e fazemos aquele balanço sobre os pontos positivos e negativos, promessas de ano novo e desejos de mudanças.
Nesse meu balanço de fim de ano, vejo que em 2012, como em todos os anos, ganhei e perdi. Os ganhos foram muitos e muito importantes. Conquistas permanentes, desejos realizados, promessas cumpridas. As perdas, por sua vez, foram árduas, mas serviram para mostrar que nem tudo sai como desejamos.
Assim, para 2013, tenho muitas perspectivas e nenhuma certeza.  É claro que o destino sempre se coloca em nosso caminho e nunca temos domínio de todas as coisas. Mas, na medida do possível, podemos controlar nossos objetivos, trabalhar em prol de um sonho, buscar nossos próprios caminhos. Estou fazendo a minha parte, mas meu objetivo de ano novo, diante das circunstâncias, depende muito pouco de mim mesma. Está nas mãos de Deus.
Independentemente dos planos, das certezas e incertezas, das derrotas e das vitórias, dos velhos ou dos novos caminhos, devemos sempre nos apegar na única certeza que permeia a nossa vida: Deus é o senhor do tempo e das circunstâncias e a nós nos cabe entregar em suas mãos nosso destino, nossos desejos, nossas expectativas e nossas frustrações. Fazer a nossa parte é essencial, mas a Ele cabe a decisão final.
Desejo, profundamente, que Ele me abençoe e abençoe a todos neste início de ano, para que todos os projetos se realizem, os sonhos se concretizem, o amor nos mantenha unidos e, principalmente, que tenhamos força para superar todos os obstáculos que certamente irão se colocar em nosso caminho, na certeza de que, desistir, nunca estará nos nossos planos.