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sábado, 5 de maio de 2012

Ruptura

A semana foi curta. Feriado, chuva, muita coisa por fazer, expectativas frustradas, ansiedade por acontecimentos que estão chegando. Vida normal, afinal.
No meio disso tudo, acabei não tendo inspiração e tempo para escrever antes. Hoje, com um pouco mais de calma e olhando um caderno antigo, encontrei algumas anotações dos tempos da terapia. É sobre um livro que sequer acabei de ler e deve estar perdido em alguma prateleira, como tantos outros.
Ele se chama "Ponto de ruptura e transformação" de George Land e Beth Jarman. A muito grosso modo, pontos de ruptura, são momentos limites, onde uma fase termina, dando lugar a algo novo. Um momento necessário à transformação.
Por uma dessas coincidências da vida, nesta semana recebi a notícia da ruptura definitiva de um casal de amigos muito queridos. Essa história, em meio a tantas outras parecidas que me cercam e me assombram de vez em quando, deu inspiração, inclusive, para a criação do nome deste blog. Nada mais propício, então, do que falar sobre rupturas.
As rupturas sempre causam dor, sofrimento, angústia. Rompemos conosco e com alguns de nossos sonhos e projetos várias vezes na vida. Rompemos com aquilo que desejavam por nós, para descobrir por conta própria o que queremos, rompemos as barreiras do preconceito, da frustração, da maldade alheia, das dificuldades impostas pela vida e daquelas que nós mesmos inconscientemente nos colocamos. 
Das coisas que já vivi e principalmente daquelas que vi, a ruptura mais dolorida que presenciei e infelizmente continuo presenciando, é justamente a do fim de um casamento. Vocês podem me perguntar: mas e a ruptura da morte? Bom, essa dói também e muito. Mas é algo que já nascemos sabendo que pode e vai acontecer. É inevitável. Foge ao controle. 
A falência de um casamento é uma frustração. Uma assinatura do fracasso. Ninguém casa pensando em se separar. A expectativa é que seja para a vida toda e quando vem a ruptura, ela atinge a todos. Rompe-se  não só com o outro mas se rompe, também, com o ideal. Rompe-se com o sonho, rompe-se com a ilusão, rompe-se com o amor, rompe-se com a vida construída, rompe-se com a forma de família que se esperou, rompe-se consigo mesmo e com tudo que se acreditou construir.

Situações assim mexem muito comigo. Presenciei algumas histórias que embora não estivessem diretamente ligadas a mim, marcaram muito a minha vida e continuam marcando.
Não é segredo para os que me conhecem que eu nunca acreditei no casamento. E eu nem sei dizer o motivo. Também é verdade que eu jamais pensei em me casar e quando percebi já estava lá...no altar. Também é verdade, que até bem pouco tempo, achava que se algo saísse errado, as pessoas tinham mais é que jogar tudo pro alto e partir para outra. Mas graças a Deus a gente muda. E muda sempre.
Depois que me casei e que vi outros casamentos quase ruindo a minha volta, entendi que é tão difícil construir o que temos com o outro, que devemos a todo custo tentar fazer com que permaneça. Mudar hábitos, atitudes, abrir mão de várias coisas (nunca do amor próprio), e principalmente, entregar na mão de Deus a nossa vida e daqueles que amamos.
Nem sempre o que desejamos é o melhor. Mas desistir não está nos planos. Tem coisas que se quebram e não mais se consertam. Tem outras que é possível restaurar ou pelo menos não deixar que se deteriorem mais e mais.
Não devemos permitir que o amor se transforme em raiva. Também não devemos nos deixar ferir de forma a não suportar. Pior do que a dor da separação é o desgaste da boa relação que deve permanecer entre o casal para o bem da família (essa, nunca se desfaz).
Mas suportar e tentar, até o limite das forças, para que, caso a ruptura seja inevitável, isso aconteça de forma que a  consciência esteja tranquila a ponto de acreditar que tudo o que era possível foi feito. 

Também é preciso viver a dor. Sem o luto, a gente não se restaura. E depois... depois o tempo, apesar das marcas, tudo cura. E não se pode desistir do mais belo sentimento: o amor.


Um comentário:

  1. Muitas vezes num casamento, o melhor para um ou para os dois é a separação. Não somos donos de nada e de ninguem, e nada é eterno. Por que uma vida a dois seria? Se está tudo certo, se os dois caminham juntos, estão satisfeitos, ótimo! Caso contrário, fingir que está tudo bem é uma das maiores frustrações. Não somos obrigados a "carregar um fardo" em nome de ninguem (nem dos filhos). É dificil, dói, mas é uma ferida necessária que bem tratada é curada. E depois de tudo compreendemos que o melhor aconteceu, nos sentimos mais fortes e prontos para um novo ciclo. Desistir não está nos planos, mas ser feliz sempre estará!
    Abraço de Luz!

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