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domingo, 24 de março de 2013

Entre pedras e vidraças


Tenho tanto pavor de gente que só reclama, que só tem pensamentos pessimistas e derrotistas que, quando me pego em uma fase em que eu mesma sou o sujeito ativo das reclamações, fico enlouquecida tentando fugir de mim mesma e dos pensamentos negativos que me assolam. 
Nessas ocasiões, acho até que exijo muito do meu ser já que às vezes é preciso mergulhar na insatisfação para se movimentar na direção daquilo que se quer.
Sabe aquela pessoa que nasceu para ser a pedra? Não importa a vidraça: ela sempre estará pronta a arremessar suas reclamações, suas indignações, suas verdades, suas necessidades, seus direitos. Nem preciso dizer que solução para os problemas, novas formas de se fazer algo e reconhecimento dos deveres, nunca passarão pela ideia desse sujeito. Caso ele tenha que acordar cedo na segunda: reclama; se está sol: reclama; se chove: reclama mais; se pintaram a calçada de verde: tinha que ser azul; se o portão abre para dentro: tinha que abrir para fora; se a reunião será à noite: reclama; se for no sábado: reclama; se tem emprego: reclama do chefe; se está desempregado: a culpa é do governo.
Foto: Melissa C. Zuppiroli Menegazzo
Ou seja, por mais que o outro, o mundo, o universo se esforce para que tudo saia da melhor forma possível o cara vai reclamar.
E pior, não vai fazer nada para mudar o cenário.
É claro que abusos existem, que direitos devem ser respeitados, que sempre há uma injustiça pronta para nos atingir. Mas viver na defensiva, culpando tudo e todos pelas desgraças que as atingem e criar a fantasia de que tudo seria melhor, sem se colocar à disposição para fazer as coisas melhorarem, sem assumir suas responsabilidades, sem buscar novos caminhos, sem observar se está primeiro cumprindo com seus deveres, é algo de ridículo e muito, muito cansativo. Não só para si, mas para todos os outros que nos cercam.
Quando estou assim, como hoje, pronta para reclamar de tudo e com uma dor de cabeça dilacerante, me salva a lembrança de que não se pode desistir no primeiro obstáculo, que ser vidraça significa que estamos fazendo algo, nos colocando à disposição de nós mesmos e dos outros, buscando melhorias e que aqueles que se limitam a arremessar as pedras, nunca sairão de cima do mesmo muro.

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