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terça-feira, 2 de abril de 2013

A culpa do ócio

O feriado de Páscoa se foi. Seja para renovar suas forças ou suas crenças, seja para não fazer nada, seja para ignorar toda a tradição e se divertir sem limites, o tempo acabou.
O ano passa muito rápido. Estamos sempre correndo em função de mil coisas e nem nos damos conta do quanto desperdiçamos ou gerenciamos mal a nossa vida.
Creio que minha angústia, em determinados momentos e com relação ao tempo, não seja só minha. Certamente deve permear a vida de muita gente. 
Foto: Melissa C. Zuppiroli Menegazzo
Eis que, depois de muito esperar pelo feriado, reservar uma pousada longe de tudo, criar a expectativa de descansar e não fazer nada, me peguei sentindo a maior culpa por estar dormindo no meio da tarde...
Depois de fazer coisas legais, passear, conhecer gente interessante, visitar lugares lindos e comer coisas diferentes, passei míseras duas horas tentando dormir em uma tarde e já me senti culpada!
Olha que tarde linda, dizia meu pensamento, você deveria estar lá fora aproveitando o sol, indo na piscina, fazendo uma caminhada... Resultado: nem dormi, nem descansei e ainda me senti culpada.
Nos dias seguintes, consciente da maluquice do meu inconsciente, me deixei relaxar com um pouco menos de culpa. Mas ela ainda estava lá. Latente. Presente. Permanente.
A pressão social por ser feliz, fazer coisas interessantes, se fazer presente em todas as baladas, shows e acontecimentos e ainda aparecer linda e sorridente nas fotos postadas, tendo a obrigação de estar sempre em movimento e atividade em seus míseros momentos de folga já está ficando demais! 
Pois eu cansei: decreto o fim da culpa do ócio. Vou me permitir dormir duas horas num sábado à tarde sem culpa. Vou mandar meus pensamentos de boicote para outras bandas. Eles é que procurem algo o que fazer enquanto eu me dou o direito de me dedicar ao menos por algumas horas a não fazer nada.
A vida passa muito rápido para ficar dormindo, diriam alguns, mas nem de longe é desperdício esses momentos de reclusão em si mesmo, dedicado ao descanso ou à meditação, do tempo que se gasta abraçado em quem se ama, fazendo cafuné ou assistindo aquele filme que faz uma década que você queria ver. Deixar a correria de lado e ficar um pouco em companhia de si mesmo, sem a obrigação de se movimentar o tempo todo, também faz parte do crescimento e da valorização da vida. O sol, a chuva, a cachoeira, seus amigos, tudo isso é muito importante. Mas nós somos mais e devemos sempre ouvir quando nosso corpo e nossa mente pedem um descanço. Sem culpa.

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