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terça-feira, 20 de março de 2012

Sobre amadurecer

No último sábado, completei 34 anos. Dependendo do ponto de vista, isso pode parecer muito ou pouco. Para minhas primas e para os filhos das minhas amigas com idade abaixo dos 10 anos, sou a "tia". Para minhas avós, na casa dos mais de 80 anos, ainda sou uma garotinha.
Verdade é que, todos aqueles que me conhecem, acham que não aparento a idade que tenho. Não sei se eles querem ser gentis ou se as pessoas ainda tem a errônea percepção que mulheres com mais de 30 já deveriam ter cabelos brancos, um monte de filhos e pés de galinha... resquícios de Balzac.
Não é menos certo, porém, que completar 34 anos me fez pensar algumas coisas sobre nosso processo de amadurecimento. Elizabeth Gilbert, autora de "Comer, rezar, amar", livro que estou lendo no momento, decidiu mudar sua vida radicalmente e, nessa mesma idade, estava percorrendo seu caminho de amadurecimento e autoconhecimento. Acho que, mais cedo ou mais tarde, passamos por processos radicais de mudança. Mais ainda: quase sempre é necessário recomeçar e se reinventar muitas e muitas vezes. 
Para mim, esses momentos se revelam de tempos em tempos e, quando não se revelam, dou um jeito de criá-los. 
Aos 14 anos, insatisfeita com a escola e entediada de tantos anos com as mesmas pessoas, mesmas paredes, mesma rotina, fiz um vestibulinho por impulso. Passei, mudei de escola e os rumos da minha vida. Nessa nova fase, necessariamente de crescimento, pois não se sai dos 14 para os 18 anos impunemente, conheci novas pessoas e novas realidades. O mundo cor de rosa da escola particular primária ficou para trás. 
Ao ir para a faculdade, novos planos e caminhos. Também já não mais me bastavam os muros do meu antigo colégio. Tudo muda. Mas isso acontece com todos. Não é novidade pra ninguém.
Na vida profissional, sempre busquei novos desafios. Estranho dizer isso, já que trabalho na mesma instituição há mais de 13 anos, mas é a mais pura verdade. Juro! 
Nos momentos mais críticos de loucura e indecisão, insegurança e ansiedade, tive que procurar ajuda. Não foi fácil me livrar dos preconceitos estabelecidos. Antes da terapia, tentei de tudo: filtro dos sonhos, benzedeiras, montar quebra-cabeça, colecionar figurinha...Ok, isso não parece nada maduro... mas também faz parte do processo de autoconhecimento. É preciso ir longe, para ver que não se pode mais seguir sozinha.
Da terapia e da necessidade de mudar - algo constante no meu espírito inquieto - resultou "NA MUDANÇA": de cidade, de função, de casa, de amigos, etc. Para completar o processo só me restava mudar de atitude diante da vida.
Nesses anos todos, primeiro achava que o príncipe encantado iria aparecer em um cavalo branco. Depois passei a achar que príncipes não existiam e os cavalos eram no máximo uns burricos que empacavam pelo caminho. Decidi que me bastava. Não precisava de ninguém para ser feliz. Em alguma medida, esse pensamento me ajudou a amadurecer e me fortalecer. Fiz muitas viagens, conheci pessoas interessantes, não me comprometi. Mas isso também era um problema de amadurecimento.
Por essas questões do destino que acontecem somente quando estamos livres, felizes, abertos e prontos para receber as bençãos de Deus, passei novamente por um processo terapêutico. Era preciso enfrentar certas barreiras que, por mais que me esforçasse para derrubar, permaneciam intactas. Sou grata a muitas pessoas por isso, mas principalmente, a mim mesma por me ter permitido voar.
Aberta, livre dos traumas e segura da vida que tinha e daquela que podia ter, me deixei encontrar pelo amor da minha vida. Dos 28 aos 34 anos, passei pela mais completa mudança: de solteira convicta a casada feliz.
Ainda falta muito. A inteligência emocional é algo que se aprende e se exercita todos os dias. O amadurecimento nem sempre vem somente com a idade mas, o tempo, certamente é um fator preponderante.
Em momentos de angústia, indecisão e estresse, a busca por algo melhor deve ser constante. A nossa atitude diante da vida é fundamental. Permitir-se experimentar novas coisas, arriscar novos caminhos, levar consigo apenas aquilo que é essencial... Amadurecer, para mim é isso. E desistir, simplesmente, nunca esteve nos planos.


Melissa


http://institutoemersonfeliciano.blogspot.com.br/


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2 comentários:

  1. Eu fiquei sem palavras para me expressar além do texto muito bem escrito me senti presente em vários momentos da sua vida, algumas vezes ao longe e outras mais próxima! Um brinde ao amadurecimento! Beijos

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  2. Mê, quanto mais você amadurece mais nós somos agraciados com o seu exemplo, seus textos, conselhos... Aliás, permita-me sugirir um tema para você: generosidade!
    PS: Confesso que me "surpreendi" com a sua idade... Na verdade, nunca parei para fazer as contas, para mim somos mulheres de 30 anos, redondo! Beijos..

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