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quarta-feira, 28 de março de 2012

Sobre a honestidade


Esta semana uma amiga disse que a vida dela melhorou muito quando ela aprendeu a dizer Não. Isso me fez pensar sobre a honestidade. Embora muito se fale sobre ela, a honestidade está em crise. 
A cada escândalo de corrupção, vozes e mais vozes se levantam para bradar os absurdos de um país coalhado de desonestos. Também é corriqueiro que, as mesmas vozes que se revoltam indignadas, na primeira oportunidade, joguem lixo na rua, ultrapassem o farol vermelho, trafeguem além da velocidade permitida, estacionem em lugar proibido ou vaga reservada (só por um minutinho), paguem propina para se verem livres das multas, etc. E sem qualquer constrangimento, afirmem: "todos fazem isso..."
E ao primeiro sinal de honestidade – como o policial que recusou propina ao prender um grande criminoso – toda a situação é colocada como um ato de heroísmo. Como se não fizesse parte apenas e tão somente de seu DEVER. 
Mas o que isso tem haver com dizer Não? Muito. Porque antes de ser honesto com os outros é preciso que sejamos honestos conosco.
É uma fórmula básica aplicável também ao amor. Não por acaso que Jesus disse “Amai o próximo como a ti mesmo”.  É como se Ele dissesse: "Olha meu amigo, se você não se amar, não se valorizar, não der primeiro, a si mesmo, essa chance de exercitar o amor e de ser honesto em relação a este e outros sentimentos, não será digno e nem capaz de amar qualquer coisa que seja. Deus lhe fez a sua imagem e semelhança e toda vez que você se coloca em segundo plano para satisfazer a necessidade opressora de algo ou alguém é o próprio Deus que você está renunciando”. É por isso que, todas as relações estabelecidas fora dessas bases, com o tempo, se tornam doentias.
E assim é quando não somos honestos conosco. Ao se levantar e se preparar para vivenciar o seu dia, você já se perguntou se está sendo honesto consigo mesmo? Ao realizar suas tarefas no seu trabalho, você já avaliou se o faz com honestidade aos seus sentimentos e suas metas? Exercitar a “auto honestidade”, portanto, passa pelo aprendizado em dizer duas palavras básicas: SIM e NÃO
Devemos dizer sim aos nossos sonhos, às oportunidades, ao amor, às conquistas, às verdadeiras amizades, às mudanças, ou seja, a tudo aquilo que nos faz melhores. Nem sempre é fácil dizer sim. Muitas vezes nos sentimos amarrados à nossa zona de conforto. Tiramos dela o que é necessário para sobreviver, levamos uma vida quase feliz, quase realizada, quase plena. Para nos vermos livres dessa zona de conforto que faz de nós conformados diante das coisas é preciso aprender a dizer a palavra mais difícil das duas: NÃO
É preciso que sejamos honestos com nossos sentimentos para dizer, a nós mesmos, sempre que for necessário: “Não, eu não quero um amor doentio porque aprendi a me amar e sei que mereço alguém para amar verdadeiramente”; “Não, eu não preciso desse trabalho opressor, porque para ser feliz não é preciso ser escravo nem do poder e nem do dinheiro”; “Não, eu não quero continuar a fazer a vontade dos outros porque sou honesta(o) comigo mesma(o) e tenho minhas próprias vontades e sonhos para realizar”.
Não quero dizer com isso que devemos agir como crianças mimadas que, sempre em busca da realização da própria vontade, não se importam com as necessidades e sentimentos dos outros. Às vezes é preciso uma certa dose de renúncia. Mas a renúncia que nos faz bem, que no fim das contas, nos acrescenta e não aquela que faz com que seu orgulho desapareça, sua autoestima peça demissão e seu amor próprio morra envenenado.
Agindo honestamente diante dos nossos anseios e sentimentos, dizendo Sim e Não, sempre que necessário, certamente Deus nos abençoa e trás para a nossa vida pessoas que, sintonizadas na mesma energia edificante, fazem com que exercitemos plenamente o ensinamento “Amai ao próximo como a ti mesmo”. 

Melissa


4 comentários:

  1. Muito, muito, muito verdadeiro!!!
    Bjs

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  2. Mê!

    Parabéns pelo seu blog, está muito bacana mesmo!
    A propósito, você está se saindo uma excelente escritora viu! '

    ;)

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  3. Tudo que é discutido nos seus textos deveriam ser princípios básicos para as pessoas, porém não é o que se observa. Gosto muito da forma que escreve e desenvolve os exemplos. Obrigado por escrever e nos fazer refletir o dia a dia, por isso não desisto nunca de acreditar nas pessoas.

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